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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Memórias congeladas

Não que me tivesse esquecido, mas aquele gesto, aquela ideia que a assaltou pela manhã, enquanto caminhava para a porta do colégio, reforçou ainda mais a minha vontade de desabafar.
Enquanto apressávamos o passo, mais para ganhar à campainha do toque que ameaçava tocar dentro de poucos minutos do que para fugir ao frio, a minha filha deliciava-se com o "fumo" que dela saía. Olha, mamã! Está a sair fumo! - e rindo, concluiu - Vou fumar!
Quem não fez o mesmo, vezes sem conta?
O desabafo: há já alguns anos que me impressionam as noticias sobre o frio. Melhor dizendo, que se faça do frio notícia. Então não é suposto fazer frio no Inverno? E calor no Verão? Será mesmo necessário fazer alertas às cores para que as pessoas, que hoje gozam de maiores e melhores confortos, se previnam do óbvio? Será lógico ir à cidade da Guarda perguntar, a gerações que caminharam tantas vezes descalças pelas quatro estações da sua infância e juventude, como enfrentam este frio de Janeiro?
O que verdadeiramente me arrepia não é o frio. É pensar que o animal homem se tornou tão vulnerável que não só necessita de ser avisado dos acontecimentos mais naturais da vida como até passou a senti-los como adversidades contra-natura.
O que verdadeiramente me assusta não é a temperatura que o termómetro me aponta nesta época do ano, é a fragilidade de só consentirmos que seja Primavera nas nossas vidas.
Cá por mim, a memória não me falha. Em pequena, "fumei" bem mais do que a minha filha! E que bem que me soube "fumar" assim, logo pela manhã!
P.S. Dizem que amanhã pode nevar em Lisboa!
Ó pra mim a sorrir! :-D

2 comentários:

Unknown disse...

Lendo o teu texto, apreciando a neve como pura poesia, diria que "hoje nevou".

Apeteceu-me

Lídia disse...

... poderia ter nevado. Choveu muito nessa madrugada mas nada de neve. Fiquei à espera com aquele brilho no olhar... como criança que fuma com o seu próprio ar. Bjs