Ouvir o Dia...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Não se incomodem. Vão para dentro!...

... Mas deixem lá o vento que, apesar de incomodar as nossas confortáveis vidinhas, sabe ao que vem. Ou já se esqueceram como é que, na Primavera, as sementes são empurradas para locais longínquos para povoar novos solos desabitados? Ah! E já agora, quando recomeçar a chover, copiosamente, também não estranhem... é que depois de semear, há que regar!
Será que estamos todos tão velhos que já nos esquecemos do que aprendemos na escola primária ou será que, à semelhança das crianças mimadas que nos ensinaram que não devíamos ser, só nos limitamos a querer tudo à medida das nossas conveniências, incluindo o tempo?

sexta-feira, 27 de março de 2009

Hoje almocei saudades


Mora dentro dentro de mim um ser nostálgico que, de vez em quando, se manifesta. Suponho, aliás, que esse ser habite dentro de qualquer um de nós, embora me pareça que grande parte das pessoas resista a assumi-lo. Por mim, confesso que, não só não me importo como até me sinto estranhamente mais inteira quando ele me visita. Hoje, foi um desses dias.

O almoço era caldeirada de bacalhau. Embora irrepreensivelmente confeccionada por uma ucraniana, que cozinha à grande e à portuguesa, eu até me tenho andado a portar bem, razão pela qual me sinto aliviada de castigos. Ora, juntando-se a fome à vontade de comer, pus-me a caminho de um cantinho de que gosto particularmente, sobretudo quando estou acompanhada desta minha inquilina secreta chamada Nostalgia. Livro em punho e lá vou eu, absorvendo pelo caminho a profusão de chilreados da passarada com ninho novo, o ar cálido, ainda que ligeiramente temperado por uma ténue neblina do Atlântico que mora perto, e o cheiro a flores silvestres.


Por ali, a escolha gastronómica, baseada em pratos despretensiosamente diferentes e saborosamente originais, é sempre difícil. Hoje, curiosamente, tinha uma novidade quase prosaica para o ambiente em causa: pasteis de massa tenra com arroz de cenoura. Não tive dúvidas. Era isso mesmo que queria.


Nunca ninguém parte, verdadeiramente, da nossa vida. Há sempre como nos reencontrarmos com quem dividiu fisicamente o espaço da nossa existência. O lugar da memória é um local privilegiado para tudo e todos se encontrarem.


Poucos olfactos guardo da minha infância. O meu faro é a intuição e, nesse campo, julgo que a natureza foi generosa comigo. Em compensação, guardo sons, muitos e abundantes sons. E muitos gestos também.


Lembro-me do ritual, em cima da bancada de cozinha, de tampo de mármore. A farinha, em montanha, que depressa se assemelhava mais a um vulcão, logo que o peso dos outros ingredientes lhe abria uma cratera... A água morna, a margarina que eu cortava em lascas- as primeiras com autorização, as outras à conta da distracção- para comer... A pitada de sal. Os gestos que tudo envolviam, remexiam, tendiam e estendiam. O rolo da massa. A carne quente, cheirando a salsa, recheando o coração. A chávena que desenhava o corte final. As aparas que dela sobravam e com que eu reproduzia a iguaria, para as minhas bonecas.


Hoje, entre outras saudades, também almocei contigo avó. Os pasteis não chegavam aos calcanhares dos teus, mas, quem sabe, se até nisso não estiveste tão mais perto? Perguntei-me: será que o diabo também veio hoje a esta cozinha? Sorrio. Quem te conhecia sabe bem porquê...
A massa da vida nem sempre é tenra...



... E as saudades são como a manteiga em pão quente - derretem-se da alma para o coração.


Não vem a propósito ou talvez sim: na ribeira, que fica mesmo ao lado deste cantinho onde me gosto de aconchegar, e que se chama precisamente Ribeirinha de Colares, já há uma trupe de patinhos novos, a quem as crianças da vila se entretêm a mandar migalhas.


Já agora, só porque sim: Gosto de ti, Primavera!














quarta-feira, 25 de março de 2009

Breathless!

Há milhões de anos que a Terra respira assim... será legitimo, em menos de um século, condena-la a um ventilador?

terça-feira, 24 de março de 2009

Join Me


Não sou demagoga.

Não gosto de discursos politicamente correctos.

Tenho particular prazer em desconstruir mensagens publicitárias.

Mantenho a lucidez de que o dinheiro será sempre o motor do mundo.

Considero que se a moda, seja ela qual for, ajudar a despertar consciências e a mudar mentalidades, é sempre bem vinda.

Defendo que a humanidade é hoje bem mais pacifica, solidária e construtiva do que foi.

Sei que a cultura de vida leva séculos a mudar...

Tudo isto para dizer:

A última campanha da GALP é não só um majestoso golpe publicitário como um feliz sintoma do caminho que desejamos deixar aberto, para quem vier atrás de nós.

Para que alguém não tenha que fechar a porta!

domingo, 22 de março de 2009

A minha Leitura

O LEITOR
Todos os rapazes procuram uma mãe.
Todas as mulheres procuram um pai.
A infância transporta para o resto da vida a carência de um grande colo.
O Passado é uma eterna sombra que nos persegue.
O mais difícil na vida é assumirmos as nossas vulnerabilidades.
O verdadeiro amor contempla a capacidade de aceitar que o outro decida sobre o seu destino.
Um grande amor não se confirma nas grandes decisões, mas nos pequenos gestos.
O dinheiro não compra perdões mas uma velha caixa de chá conquista reconciliações.
Devemos sempre tentar encontrar uma porta de saída para não repetir os mesmos erros dos nossos pais.
Fim.



Agora eu:

Tive um gravador igual àquele que me fez despontar as lágrimas, que me acompanharam até ao fim do filme.

Porque é que será que as pessoas olham tanto para a minha cara quando saio de uma sala de cinema???

sexta-feira, 20 de março de 2009

Porque hoje também é o teu dia!


Porque todos os dias são das pessoas que amamos, admiramos e que são peças fundamentais no puzzle da nossa vida.
Porque não tens computadores, não queres fazer a mínima ideia do que é a internet, só tiveste telemóvel quando já não havia ninguém que não tivesse pelo menos dois, não usas cartão multibanco e te orgulhas de resolver quase tudo com uma Bic e um papel.
Porque, apesar de seres resistente à inovação, e rejeitares obstinadamente depender das funcionalidades tecnológicas para resolver (e facilitar!) a tua vida, nunca ficaste preso ao passado e sempre foste - e És- o meu maior exemplo de luta, conquista e sucesso.
Porque me ensinaste que na vida nada se consegue sem entrega, esforço e disciplina e que esses são os ingredientes que nos fazem atingir os nossos objectivos.
Porque te queria dizer que a esses ingredientes sempre acrescentarei o amor, com que sempre me senti protegida, ainda que em muitos momentos guardados pelo silêncio.
Felizes Dias, Papá!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Eu, Chocolate Addict me confesso - INDIGNADA!

«Um médico escocês propôs a imposição de taxas à venda de chocolate, da mesma maneira que é feito com o álcool e o tabaco, para combater o aumento da obesidade e os casos de diabetes no Reino Unido.
David Walker, médico de Lanarkshire, no sul da Escócia, acredita que o chocolate tem uma parte importante no problema de excesso de peso entre a população.
Segundo Walker, além das refeições normais, muita gente consome uma quantidade de chocolate equivalente às calorias diárias necessárias para uma pessoa.
O chocolate foi visto sempre como «algo especial», mas tornou-se perigoso para muita gente, disse hoje o médico, que é também especialista em nutrição.
«A obesidade é um problema que prolifera. Estamos no mesmo caminho que os Estados Unidos», disse Walker à imprensa britânica. »

Isto meus senhores, foi noticia, mas só pode ter sido pelo insólito! Ou então deviam ter esperado pelo dia 1º de Abril.

E perdoem-me o desabafo, mas ou este senhor doutor se injecta forte, com a seringa das farturas, ou terá de explicar ao Mundo qual é o critério da escolha!

Já agora, e já que a ideia vem do Reino Unido, sugiro ao senhor doutor que vá taxar o fish and chips e deixe os chocolatinhos em paz!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Verão que ainda não veio para ficar (com apetites à mistura)

Hoje, à saída do trabalho o ar cheirava não a Primavera mas a Verão. Aquela ainda não chegou e este, segundo o calendário, ainda vem longe. Pequenos detalhes em que, a esta hora, e inebriada com o dia e começo de noite, pura e simplesmente, não me apetece pensar.
O meu carro na beira da estrada, o pinhal em frente, o silêncio da "aldeia"... o ambiente quente que vem perfumado de um campo aquecido pelo calor do dia... 16º é temperatura que nos presenteia o ar ... Encho o pulmão e aconchego a alma.
Não sei a que cheirava a cidade, àquela hora em que todos regressam a casa para amanhã regressar ao trabalho. Mas a minha "aldeia" cheirava a vida, a paz, a natureza, a uma boa parte do melhor que vou guardando de mim... talvez por isso seja tão bom pensar que, amanhã, é lá mesmo que vou regressar.
(como uma borboleta estonteada com as maravilhas da estação, ao ouvir a música de hoje fico com uma vontade de dançar...)

A Vida sem legendas

Revisitar 2008 pelos olhos dos grandes fotógrafos do Mundo!

Um passado ainda bem presente e, em alguns casos, ainda contemporâneo...
Disfrutem AQUI desta longa viagem de apenas 10 minutos...





quinta-feira, 12 de março de 2009

Feliz, me confesso!


Como um Girassol girando ao sabor da luz, que o ilumina, alimenta e nutre as sementes.
Como um Girassol, é como me sinto, pelos gratos momentos de felicidade que os últimos desafios trouxeram à minha vida, alimentando-a e nutrindo-a com pessoas, situações e lugares novos nas minha existência. Amadurecendo as sementes que um dia, deitadas à terra, darão novos frutos, renovando a minha essência.
Alta, atenta à Luz. Mas firme, com raízes bem presas na terra.
Como um Girassol.... Feliz, me confesso!

terça-feira, 10 de março de 2009

A arte do pequeno-almoço


Da sala:
Mãeeee!
Sim..
Podes chegar aqui?...
Sim, diz...
Olha!

Em cima da mesa, no tabuleiro do pequeno-almoço, exibia-se a razão do apelo. Uma obra de arte, construída com as bolinhas de Nesquik prodigiosamente distribuídas à volta da tigela ,onde o leite, entretanto, arrefecia.

A fotografia, tirada precisamente às 07:37:52, não deixa margem para dúvidas... Sempre que a minha filha se atrasa é porque está em pleno processo criativo.

Assim sendo, vou tentar não me irritar todas as manhãs. Tudo em nome da arte!

domingo, 8 de março de 2009

MY FAIR LADY

Enquanto tomava café ela informou que ia lá abaixo. É habitual ausentar-se sozinha até ao andar inferior do pequeno Centro Comercial onde costumamos tomar café ao fim-de-semana, sobretudo para se ir encafuar na loja de animais que faz as suas delicias, e de onde já trouxe para casa vários peixes e uma tartaruga. Desta vez, e ao contrário do que lhe havia sido pedido por ser já quase hora de almoço, demorou-se demasiado. Quando me aproximava das escadas rolantes para descer e ir ao seu encontro, ouvia-a chamar. Acenou-me, assinalando a sua localização. Desci... enquanto me dirigia para ela foi-me fácil perceber o que estivera a fazer...
Toma, mamã, são para ti!
Ela, sorriso doce, rasgado, feliz pela sua iniciativa e pela minha reacção.
Eu, formigueiro no nariz, lágrimas que bailavam, felicidade num abraço apertado que me apeteceu eternizar, assim.
Embora já tendo partilhado com ela a minha opinião sobre a data em causa, manifestando-lhe que, pessoalmente, não encontro nenhum motivo para comemorar este dia em especial, ela fez questão de o tornar diferente. E foi! Na verdade, bem vistas as coisas, se não fosse a minha condição feminina não poderia ter gerado um ser tão especial, uma MULHER de quem, estou certa, muito me orgulharei sempre tanto de ser mãe.
Obrigada, minha filha, mulher-menina, por este recado tão especial. Obrigada, sobretudo, pelas flores que não escolheste ao acaso, num gesto de bem-me-quer que a uma Margarida tanto comoveu!

sábado, 7 de março de 2009

Criatividade ao Rubro - A Recriação da Criação

1º Lugar no Festival de Berlim 2008 (Curtas)

... e ao sétimo dia, descansou!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Coisas APARENTEMENTE incompativeis

A primeira impressão é a que prevalece.
É sempre possível começar de novo.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Nos cornos da Vida ou Como transformar o stress em adrenalina


Nunca me esqueci do fantástico titulo de um livro de Beatriz Costa, «Nos cornos da vida», e hoje confesso que não me tem saído da cabeça.
É sempre assim que nos sentimos perante um grande desafio na vida, sobretudo, quando apesar de sabermos que temos de pegar o bicho pela frente não conseguimos prever para onde ele se vai desviar. Mas, mais do que isso, nos cornos da vida é como nos sentimos, sempre que a imprevisibilidade da pega não nos trava o desejo de enfrentar a besta, principalmente quando os outros acreditam na nossa capacidade de o fazer.
A pega de ontem não me correu bem. Quem lhe assistir na 6ª F. perceberá facilmente porquê. Mas não é sempre assim quando se pisa a arena pela primeira vez? Medo? Não. Respeito? Sim, muito! Curiosamente, por vezes a vida tem uma ordem engraçada... Afinal de contas, para mim, amanhã já é passado. De olhos postos no próximo só me ocorre dizer, com entusiasmo:
Venha de lá o bicho!
Será este um dos segredos para transformar o stress em adrenalina?
... pensando alto... era tão bom que ao lado do botão do acciona um microfone existisse outro que desactivasse uma montanha russa das emoções!

domingo, 1 de março de 2009

Moral da história

6ª Feira




Há fases em que, por muito que apeteça, não há nada de jeito que nos leve à cadeira de uma sala de cinema. Outras, em compensação, mal dão tempo de apanhar em cartaz tudo o que gostávamos de ver. Não me considerando propriamente uma cinéfila, confesso que para ver um bom filme não há como uma sala de cinema e esta é, sem duvida, uma fase de bons filmes. Por isso, este fim-de-semana contou com sessão na 6ª e no Sábado, por via das dúvidas.

Benjamin Button já andava adiado há três semanas. Foi o premiado de 6ª à noite. Depois de alguma expectativa, por um argumento no mínimo insólito, confesso que o filme ficou de algum modo aquém do que previa. Independentemente da originalidade da história, as três horas de duração do filme comprometem seriamente a vontade de ficar sentado. Pelo menos, foi o que senti. Prende, mas não tanto, e a dado momento senti aquilo que não gosto de sentir numa sala de cinema... este via-se bem em casa, com direito a intervalos, lanches e mudança de posição no sofá.

Por mim, valeu pelos últimos vinte minutos, meia hora, talvez.

Moral da história: no fundo, a vida é um caminho que se percorre, simultaneamente, em duas direcções de sentido oposto. Era tão bom que pudesse, no fim de cada uma das linhas, haver sempre alguém que cuidasse de nós, com um colo...




Sábado


Não sou a primeira a dizê-lo mas agora confirmei-o. Este é um Woody Allen com sabor a Almodôvar. E que bem que soube!
De tudo só fiquei com uma duvida existencial: Por que raio o nome do filme se refere às personagens das turistas americanas - Rebecca Hall (Vicky) e Scarlett Johansson (Cristina) - e acaba por ser Penélope Cruz a figurar no cartaz como se a personagem de Vicky não fosse minimamente tida nem achada no enredo da historia? Parece-me na verdade um titulo muito pouco criativo para um filme com tanto para dar... E que Penélope mereceu a estatueta é inegável! Estupenda , la chica!

Moral da história? Paira no ar a urgência de sermos autênticos... No dia em que o conseguirmos, só a mentira e a camuflagem serão imorais ou marginais.

O melhor da história? Fazer estes dois programas na companhia de um biscoito de quase 10 anos que não só se comporta melhor que muitos dos adultos presentes na mesma sala, como digere os filmes que vê, como gente grande! Adoro a minha filha!