Ouvir o Dia...

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Desejo


Todos os dias podemos começar. Recomeçar.
Dar mais um passo na nossa direcção. Encontrar-nos.
Sejamos capazes de agendar um encontro connosco para depois podermos ir ao encontro dos outros. Quando a nossa vida anda adiada, quando os compromissos connosco são relegados para segundo plano, os outros são apenas uma desculpa.
Em 2009 faz as pazes contigo, marca encontros, ama-te. E, finalmente, dispõe-te a SER FELIZ!

sábado, 27 de dezembro de 2008

O Medo dos Dias Molhados


«Não podemos andar sempre à sombra da chuva. Por vezes, temos mesmo de nos molhar!»

Margarida Brito - À Sombra da Chuva

«Milhares de pessoas que anseiam pela imortalidade não sabem o que fazer com uma tarde de chuva»

Susan Ertz

«O medo não existe. Não tem identidade ou realidade pessoal. Precisa de ti para viver, das tuas dúvidas, das tuas fraquezas.»

Dugpa Rimpoché


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Para o ano há mais!


O Pai Natal pode descansar.
O Menino Jesus está "de serviço" o ano inteiro!











quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Silent Night

E na noite, o silêncio fez-se amor.
Todos os Meninos nascem para ser Amados!



terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Tudo o que mais gostava...

Que o Inverno pudesse ser frio apenas por fora
Que a Luz das estrelas iluminasse caminhos escuros
Que um Menino se celebrasse em todos os corações
Porque o Inverno é apenas uma estação
Porque as estrelas são guias
Porque as crianças, sim, as crianças, são sempre semente de futuro.
FELIZ NATAL PARA TI!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Justamente por ser Natal...

Não. Não compreendemos todos o sentido do Natal.

Não. Não sentimos todos que esta época do ano seja feliz.

Não. Não temos todos uma família com quem a partilhar.

E são generalizações de felicidade assim que cavam os maiores fossos. Em alturas do ano como esta, quem habitualmente já se sente fora, fica ainda mais excluído e, pior ainda, com a estranha sensação de que vai em contra-mão.

Justamente por ser Natal, apeteceu-me falar nisto!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Special Gift - Your Life Inside


Será que não ficamos mais fortes sempre que assumimos as nossas fragilidades, as nossas vulnerabilidades?

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pedra, Papel ou Tesoura?



Pedra, Papel ou Tesoura?
A Vida está cheia de desafios. De encontros e desencontros. Com os outros e, muitas vezes, connosco mesmos. Muitas vezes acertamos ao lado dos sonhos. Mas quantas e quantas vezes perdemos o essencial, ao ficar focados no que não conseguimos em vez de olhar para a oportunidade que com esse desencontro se gerou?
Pedra, Papel ou Tesoura?
Em vez de encarar a Vida como um jogo de sorte ou azar, porque não encara-la como um desafio?




sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Os Dias do Ano

A vida está cheia de ritos, de ritmos, de símbolos e simbolismos. De momentos que nos marcam. E seja por serem fruto de uma vivência colectiva, ou seja por serem vividos de forma muito intensa e muito própria no nosso universo interior, são estes momentos que fazem com que os dias do calendário sejam diferentes, dando-lhe cores, cheiros e sons diversos. São, afinal, estes momentos que marcam a cadência da Vida.
Enche-se uma plateia de corações apertados e olhos atentos, máquinas que filmam, outras que fotografam. Enche-se o palco de frenesim e alegria, de deixas esquecidas, de caravelas perdidas e de ovelhas a quem cai o pelo. Muitas risotas. No fim, os aplausos. Muitos. Nem uma festa seria festa se corresse tudo bem! Nem a vida seria a mesma se não fosse sempre assim.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Still can dream...

Haverá assim tanta diferença entre fazer uma carta ao Pai Natal ou continuar a acreditar na força dos nossos desejos, ou na possibilidade de realização dos nossos sonhos?

Será que acreditar no Natal não é o mesmo do que ter a capacidade de acreditar sem ver, sem ter certezas?

O menino de Belém não tinha certificado.

O Pai Natal nunca foi visto.

O Amor tem vários graus e no entanto nunca se conseguiu medir.

A Vida quase nunca é uma certeza.

Se deixámos de acreditar sem ver, o que fizemos ou o que fizeram com a nossa infância?

... I´m not a child but my heart still can dream!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Saudades

Da neve. Da paz que dá ver nevar e de repousar os olhos na paisagem decorada a branco, como se fosse uma cobertura de doce açúcar.
Senhor Tempo: Quando é que neva em Lisboa?

domingo, 14 de dezembro de 2008

O Presente

Há tantas formas de dar presentes.
Sexta-feira, no sofá. Uma conversa cúmplice, ao fim do dia, ao fim de uma semana de relógios, horários e correrias. Descosia-se e alinhavava-se uma conversa mal contada, sobre uns acontecimentos recentes na escola. Tudo esclarecido, um abraço, um encontro de corpos, o calor dos afectos, um momento de paz. De uma cara escondida, escudada nos meus braços, saiu uma confissão. Uma expressão tantas vezes ouvida mas nunca antes por si pronunciada: Amo muito a minha mamã.
Aos nove anos, percebemos que a palavra pesa, que não se diz por acaso e, sobretudo, que por ali andava há muito por dizer, por retribuir, mas que faltava a coragem, ou talvez o momento, para que as asas da timidez que a prendia dentro de si quisessem voar e deixa-la partir sem medo, para o exterior.
Não são só os adultos que têm medo das palavras. Talvez a diferença esteja mais na familiaridade que podemos ganhar ou não com elas, desde crianças.
Não ficou com dúvidas da importância daquele momento para mim. Sorriu, cúmplice, entre a timidez e o orgulho, por ter conseguido finalmente conjugar aquele verbo na primeira pessoa.
Que melhor presente de Natal pode receber uma mãe quando, além de se sentir amada, percebe que a sua filha progride com confiança no campo das emoções?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Abençoadas Diferenças

Rudolf the Red-Nosed Reindeer


Quantas vidas perdidas, quantos talentos desperdiçados, quantas existências infelizes se devem à diferença de Luz, à intensidade da Cor que tantos têm e outros tantos teimam em ignorar, ofuscar ou mesmo apagar, tantas e tantas vezes apenas por não terem a capacidade de a aceitar, mesmo sem a compreender ?

O Rudolfo teve a sorte de encontrar um verdadeiro caçador de talentos.
E nós, quantas vezes estamos dispostos a fazer de Pai Natal?


Quantas vezes estamos dispostos a entregar as rédeas a alguém que brilha mais do que nós?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Selados com Amor

Há alguns anos eram um dos entretenimentos favoritos das férias, sobretudo das grandes, como lhes chamávamos. Era um vaivém constante e a expectativa diária de, ao abrir a caixa de correio, lá encontrar mais uma carta, duas ou três. Escolhíamos o papel, os envelopes, os autocolantes e os desenhos com que as decorávamos... Tão divertido!
Os anos passaram e as caixas de correio passaram a ter outros recheios. Coisas de gente grande... Porque é que gostamos tanto de brincar aos crescidos quando somos pequenos?
Manifestamente, considero que a internet trouxe mais benefícios do que malefícios. Estes, como aqueles, estão onde os quisermos encontrar. Por mim, aproxima. E relembra, com maior facilidade, que só o tempo nos separa.
As cartas antigas? Todas religiosamente guardadas, atadas, com laços de fitas de diversas cores, um molho para cada ano. E é tão engraçado revê-las.
Agora, uma vez por ano, o hábito e o ritual revisitam-se. No Natal, é bom abrir a caixa de correio e encontrar um postal, mesmo que de alguém com quem conversemos, diariamente, na internet.
Os meus estão escritos, seguem hoje, vão a caminho. Na estação de correios da minha Vila, aquela que fica mesmo ao lado da farmácia e até à qual vou enchendo os pulmões com o aroma das lareiras vizinhas, vou comprar os selos e colar, um por um. Pedacinhos de amizade, selados com muito amor e carinho.

sábado, 6 de dezembro de 2008

A Lua, Vénus, Júpiter e o Pano do Pó



Não sabia, não fazia ideia. Não tinha ouvido noticias. Quando abri estavam lá, no céu, por cima da minha janela, e era impossível não darem nas vistas, de tão felizes que estavam. Ostentavam com tanto brilho essa sua felicidade, as duas amigas à conversa. Corri para dentro. A máquina! A minha máquina tinha que reter aquela imagem. Conseguiria? Estavam tão longe! Reteve. Não uma, mas diversas vezes, a cumplicidade daquele momento. Fiquei feliz.


Só quatro dias depois, ao partilhar as imagens, fiquei a saber que se tratava de tão ilustre encontro. Vénus e Júpiter tinham vindo partilhar o céu do primeiro dia de Dezembro, bem pertinho da sua ancestral amiga Lua. Fui esclarecida: acontece de 47 em 47 anos. E pensar que eu, a leste do paraíso, embrulhada nas minhas tarefas domésticas, fui empurrada para a janela! Obrigada, pano do pó!





sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Um raio de Luz

Sabem como é, naqueles dias em que o tempo acorda aborrecido, de má cara e nos contagiamos com ele e, de repente, aparece um raio de sol que nos ilumina o dia e a alma? Sabem como é?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Os bichos




Andam por lá, à solta, colorindo o Parque que tem o nome de uma das melhores coisas da vida: Liberdade.
É impossível cansar-me de Sintra!


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O Natal dos Ursos

Há tantos anos que faço aquela árvore e nunca me havia dado conta da quantidade de ursos que por lá passam todos os Natais. Entre bonecos de neve, pais natal, anjos e outros habitantes tradicionais destas paragens natalícias, eis que, de repente, dei por mim a pensar por que razão o urso me aparecia representado de tantas formas. Só encontro uma resposta. Sendo há mais de um século um brinquedo associado ao imaginário infantil, a ponto de se ter tornado a companhia preferida dos bons sonhos de tantos meninos e meninas, o Urso só podia ter um lugar de eleição no pinheiro enfeitado. E não é afinal o Natal um sonho de crianças?

domingo, 30 de novembro de 2008

Contrastes





Pelo caminho, mais um dia que antecipa a chegada do Inverno. Frio e com chuva.

Pelo espelho retrovisor, o vidro de trás devolve-me um céu de tempestade, de neve, cinzento- chumbo. Escuro. Muito escuro. Quase tão escuro como a noite. Já no vidro da frente, o céu que vejo está bem mais claro, menos zangado, mais sorridente. É assim também a vida. Os seus dias, as suas horas. Se olharmos bem, há sempre duas janelas por onde podemos espreitar. Basta decidir aquela por onde queremos olhar. E escolher as cores do dia!

sábado, 29 de novembro de 2008

Adoro!


Quantos de nós corremos para o quarto e cama dos pais sempre que uma trovoada interrompia os nossos bons sonhos?
Ter medo de trovoada, era não só um requisito da idade como um excelente pretexto para invadir aquele espaço que habitualmente nos estava vedado ou, pelo menos, obter mais uns beijinhos e um aconchego de roupa suplementares. Tão bom!
Mas, e quando a trovoada faz parte das nossas coisas favoritas? Por mim, se é verdade que na infância cumpri com rigor o calendário, para pedir mais uns beijinhos ou reivindicar o meio da cama juntamente com o meu urso, a verdade é que sempre a adorei, sobretudo de noite, quando os relâmpagos invadem o quarto, iluminam as paredes e eu fico a contar os segundos até ao trovão.
Esta foi uma noite daquelas!
Bem Vindo, Inverno!
E, já agora, Senhora Trovoada, não quer aparecer outra vez esta noite?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Acreditas?

Todo o pensamento é mágico.
Para que a fantasia, o sonho ou o desejo passe a realidade não são necessárias poções mágicas ou varinhas de condão. Basta conjugar o verbo ACREDITAR.
Na sua viagem ao mundo de OZ, Dorothy, a quem aconselharam a seguir sempre pela estrada amarela, sabia que transportava com ela a solução de eventuais problemas. Quando se sentisse em apuros, bastaria bater os calcanhares dos seus sapatos vermelhos e, num abrir e fechar de olhos, estaria de volta a casa.
Por isso, quando um algum feiticeiro se entretém a transformar os nossos sonhos em pesadelos, basta acreditar que a solução dos nossos problemas está na nossa cabeça, mas também, seguramente, nos nosso pés.

Eva Cassidy - Somewhere Over the Rainbow

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Momentos de dúvida

Onde irá dar este caminho?


São tão difíceis os momentos em que na vida caminhamos sem saber para onde. Instala-se a dúvida, gera-se o receio, questiona-se o fim.


Mas será que mesmo perante um caminho desconhecido não é possível aproveitar o passeio?


Tantas vezes o desconhecimento proporciona a aventura da descoberta!


Onde irá dar este caminho?

Ainda não sei. Mas enquanto espero, em vez de deixar instalar o desespero, vou tentando aproveitar a viagem.

Já agora, partilhando-a convosco!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Será?


Será que só somos bons, felizes e bonitos se nunca errarmos?
Será que o nosso Anjo da Guarda e a nossa Fada Madrinha só nos protegem se nunca nos distrairmos?
Será que temos sempre que nos portar bem para que gostem de nós?
E, já agora... Quanto pesa uma alma carregada de culpa?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Inadiável

O número de crianças institucionalizadas em Portugal é assustador. E crescente. Mas mais assustador é pensar que a esmagadora maioria delas não terá nunca um colo, só seu, à sua medida, para nele se resguardar. E não é disso que todos nós mais precisamos, ao longo das nossas vidas? Quantas vezes gritamos, por dentro, ao longo do nosso dia: ADOPTA-ME?
"Cuidar dos novos não pode ser mais uma questão esquecida. É, hoje em dia, uma prioridade nacional, independentemente de qualquer orientação politica. Caso contrário, estaremos a desperdiçar o potencial de gerações inteiras. O grau de desenvolvimento de um país também se mede pela forma como se protege e estimula as suas crianças e adolescentes!
Para que a mudança seja possível, faz falta o que sempre faltou: conjugação de vontade politica, disponibilidade económica e conhecimento cientifico. Sem isso, a nossa cultura de infância é um puro esquecimento. Ou pior, uma tremenda ignorância. E isso é tudo o que não podemos desejar." (in Olha Por Mim, de Pedro Strecht; crónica: Prioridade Nacional)
Há tanto tempo que já o sabemos... De que é que andamos à espera?


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Vida não era um Paraiso...







« excerto do Filme Cinema Paradiso de Giuseppe Tornatore »



... E aprender era um verdadeiro inferno.


Numa escola assim, como era possível que aquele Cristo, abandonado na cruz e na parede, fosse redentor?


Se aprender matemática pode ainda não ser muito divertido pelo menos errar já não é tão humilhante.

Música de Ennio Morricone: Love Theme from Cinema Paradiso

domingo, 23 de novembro de 2008

Noite de 22: O céu caiu no Parque





No principio era o frio. O atraso. A expectativa.


Depois o céu estilhaçou. Mil estrelas. Bolas de cor.


E nas caras, o medo transformado em espanto. Será que o céu cai?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

À mesma hora, no mesmo local

Todos os dias o cenário se repete!

Carros que se atropelam, buzinas que se sobrepõem. Velocidade desadequada ao local, à hora, ao cenário matinal. Uma passagem para peões quase sempre vergonhosa e incompreensivelmente desrespeitada. Mais vergonhoso ainda é que o seja, a maioria das vezes, pelos mesmos com quem nos cruzamos, minutos depois, dentro dos portões de uma escola.

O dia ainda a começar e a intransigência já a poluir o ar.

Dos carros, apressadas pelo atraso e pela campainha que ameaça tocar, saltam crianças a quem os beijos ficam por dar.

Todos os dias o cenário se repete!

No regresso, depois de entregar a minha encomenda em segurança, quase sou atropelada por dois irmãos que sobem, correndo, desenfreadamente. Ao fundo da escada, junto ao carro, enquanto lhe enviam o último adeus daquela manhã, um pai eleva a voz:

Vá, vão! Não se atrasem!

E antes de desaparecerem, mais alto, reforça:

Um bom dia de aulas!

É tão bom quando não está tudo perdido!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pensamentos fora de horas

Tinham chocolate, e o sono, que já há algum tempo pedia cama, aceitou ser substituído por elas, num fugaz e derradeiro encontro com o sofá.
Seguiram-se, umas atrás das outras.
Pelo meio observei a paisagem (sim, a paisagem, não me enganei), estampada na cobertura de chocolate. Umas vaquinhas pastando num prado. Na caixa, a marca assegurava que se tratava do genuíno, logo, as vacas pastavam nos Alpes. Aquela hora pouco importava. Qualquer chocolate serviria, independentemente da origem.
Subitamente, a descoberta. Na tampa da caixa li: GALLETAS. Acto continuo, no cérebro: Não tarda nada estás a levar uma galheta!
Pergunta: Há alguém neste blogue que me saiba dizer se esta «galheta» não é a mesma bolachada com que também éramos ameaçados?
Coisas de vizinhança?...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Como um peixe fora de água

Há dias em que a zanga é incontornável. Pode ser apenas uma inevitabilidade do estado de espírito. Pode ser uma legitima resposta de defesa, a uma sentida invasão exterior. E há ainda aqueles dias em que nos zangamos, só porque sim. O que me parece inegável é que, independentemente do motivo pelo qual se exteriorize, a zanga é sempre antecedida por um mal estar, ainda que indecifrável. Por um desconforto, frequentemente inlocalizável. Por uma tristeza transformada em indignação e depois conduzida pela mão da revolta, quando projectada para fora de nós.
Mas, se há momentos em que a zanga não só é incontornável como até desejável, será que existe alguma circunstância em que, perante ela, e sobretudo depois dela, não nos sintamos como um peixe fora de água?


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Beautiful



O que é que nos faz sentir feios?

O que nos devolve o espelho, ou tantas vezes o que nos devolvem os outros, sobre a nossa imagem, para que nos sintamos mal vestidos na nossa pele?


O afecto, a compreensão, o respeito e a cumplicidade fazem bem à alma. Preenchem vazios, colmatam falhas.

Uma palavra, um sorriso ou um abraço não são placebos para o coração.

Ser feliz torna-nos realmente mais bonitos.




sábado, 15 de novembro de 2008

Mancan le parole

Por vezes faltam as palavras mas, num momento assim, será que não se dispensam?

Amiga, obrigada por este momento que me proporcionaste, hoje!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Desafio-TE





Se a Vida é um jogo, quem são os teus adversários?


D. Quixote lutava contra moinhos de vento. Há quem lute contra os injustos, os levianos, os medíocres, os hipócritas, os moralistas. Mas quantas vezes lutamos contra nós próprios? E se por vezes esse desfio é um estimulo ao crescimento, à descoberta da nossa identidade e do nosso lugar na vida, outras pode ser paralisante e fonte de estagnação.

Quando nos decidimos a jogar connosco, convém pensar no que vai a jogo e se temos estratégia que dure até ao fim da jogada.

No fim, que vença o melhor!

Recebe o Futuro como um Presente!

A Vida Acontece Hoje!


O Amanhã pode sempre ficar para depois.

O Futuro? Deixa-o por sua conta.

Ele sabe bem cuidar de si.














Novembro

há pétalas a celebrarem sozinhas

a linguagem do amor

o cheiro da terra molhada

quando sobre o jardim cai novembro

a humidade que nos abraça

o lusco-fusco precoce da mudança da hora

o crepúsculo já frio da tarde

pede o calor da lareira um interior

que aconchegue e sorva

o sabor do chá então servido


todo o tempo do mundo pode parar

assim que alguém lho peça

mas o maior motivo sabemo-lo

não tem hora marcada nasce cresce mata

sempre que menos se espera

já tive dias horas meses assim

suspenso na vida pelo coração

a maior das ilusões todos os desenganos

mas não importa que interessa

não os trocava por nada

e o que as pétalas desse jardim ensinam

não vem nos livros tem séculos

é um cheiro a suavidade de um toque

tudo o que não falaremos

os movimentos da memória das vidas

a cor de que são pintadas

e a diferença de tom em todas as flores

a beleza eterna de cada

como dádiva é isso

sim é isso

o que fica por dizer




Pedro Strecht

in 1979 Outros Poemas

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sim...


8Nov.08
Foi bom ver-te crescer!

domingo, 9 de novembro de 2008

Parecem bandos...


Alternam turnos, entre o dia e a noite, para que no Largo o Camões nunca se sinta só e para que as ruas do Bairro Alto nunca fiquem despidas. Uns e outros, uma mancha cinzenta, uniforme, desconforme, que se desloca em massa. Não importa de onde vêm ou para onde vão. E assim como chegam, partem, sem aviso ou plano prévio. Atrás de si fica o sujo, o desperdício e o património mais degradado. Mas diz-se que, sem uns e outros, a cidade não seria a mesma. E se calhar até têm razão!
Mas se uns se conseguem amestrar porque é que os outros não se conseguem educar?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Direitos e Deveres



Se é verdade que nem toda a gente gosta de ter animais de estimação é também verdade que há quem só não os tenha por reconhecer a enorme responsabilidade que isso acarreta. Um espaço adequado e condigno em casa, alternativas de cuidados para os tempos de férias ou ausências prolongadas, alimentação e cuidados de saúde.


Poder partilhar a vida com um animal é um privilégio, mas um privilégio que acarreta deveres de que não temos o direito de nos descartar.


Um amigo de bigodes, que durante 11 anos compartiu o espaço e os afectos lá por casa, partiu num dia quente deste Agosto. Nunca deu trabalho ou despesas extra. No dia em que nos assustou, com suplicantes miados de ajuda, não coloquei outra hipótese que não fosse leva-lo, rapidamente, para os braços que melhor o pudessem ajudar. Foi a primeira e talvez a única experiência, mas reconfortou-me perceber que no hospital veterinário aquele paciente era "tratado como gente", ou seja, com a dignidade que a sua condição e a sua fragilidade exigiam. Como seria bom ter constatado, em tantas visitas a hospitais de gente, o mesmo comportamento. Não pus em causa, por um segundo que fosse, a despesa a realizar com aquele internamento. Era um dos nossos! Para os nossos, sempre o melhor!


Veio o dia seguinte e a noticia que menos nos apetecia ouvir.


Sim, sabíamos que um dia seria assim. Mas já?


Sabem que as pessoas que trabalham nestes sítios sentem a tristeza um desfecho assim? E que nos agarram na mão manifestando cumplicidade?


Formalizou-se o processo, fechou-se a conta. Muito? Não. Ele merecia tudo o que teve. Mas porque, felizmente, há muitos anos nos obrigaram a pensar que os animais têm direitos e que nos obrigam, por isso, a um sem numero de deveres, seria talvez justo que o cumprimento desses deveres fosse reconhecido. E se sou obrigada a cuidar e assistir porque é que a respectiva despesa não pode ser reconhecida como indispensável e tributada como tal? Confesso que nunca tinha pensado nisso. Mas há quem o tenha feito e por isso está a correr uma petição nesse sentido.


Custar, não custa nada. Se acharem lógico e justo é só aceder e assinar.



























Trabalhar no Campo

Conduzir por uma estrada que se veste com as cores da estação. Ver Monserrate resguardado do nevoeiro, aconchegado por entre vegetação equatorial. Fazer corridas com o ocioso eléctrico, que não tem pressa de chegar. Encontrar as mesmas gentes, nas mesmas curvas, todos os dias. Conhecer os rituais do senhor da loja de faianças, e passar sempre os olhos pelos seus escaparates de pratos e tigelas que apetece comprar, mesmo que não se saiba para quê. Aprender a domar os ponteiros do relógio, que se atrasam atrás de um tractor, numa estrada serpenteada onde o verbo ultrapassar se conjuga quase sempre com risco. Cumprimentar os patos na ribeira e ser gentilmente cumprimentado por quem não se conhece, rostos que apenas cruzam connosco os seus bons hábitos, aqueles que restaram de uma aldeia não muito longe no tempo e ainda fresca na memória.
Ir ao correio a pé e ter mesmo ao lado a farmácia. O ar perfumado pela lenha que cedo começa a aquecer a casa. Bandos de crianças percorrendo os caminhos de regresso, depois de um dia de escola e conversas que não se esgotam com o pôr do sol. O Oceano ao fundo da rua. O cheiro dos pinheiros e a caruma em cima do carro.
Ter prazer em chegar e ter nostalgia de partir. Encontrar no dia seguinte a paisagem redecorada e sorrir.
Vou ter tantas saudades!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Fiz de conta


... E quando ontem adormeci no sofá e uma pequena mão, que tão depressa se fez grande, me veio fazer festas na cabeça eu fiz de conta. Fiz de conta que dormia. Fiz de conta que era gato. Fiz de conta que agora era eu o seu bebé.
É tão bom brincar ao faz-de-conta!
Há pouco, ao telefone, a voz da dona da mão já me deixou prometidas mais festas, logo à noite, para ficares melhor!
Sim, agora faz de conta que és tu a mamã!

domingo, 2 de novembro de 2008

Oferece-se


Alguém quer uma constipação, ou preferem um chá bem quentinho?...

À falta de melhor, fico com os dois! O meu é de menta!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Há dias assim...


Em que a chuva também nos molha por dentro e nos deixa a alma encharcada.
Nesses dias, só um abraço grande e sem relógio parece ter a capacidade de nos secar...


quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Uma leve desconfiança...


Tenho cá para mim que num certo roupeiro lá de casa anda traça. Então não é que os cabides, outrora tão grandes para aquelas roupas, andam a encolher de dia para dia!
Ora digam lá se não é traça!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Para ti!





Os amigos estão onde está o coração.
Estão no afecto de um murmúrio,
estão no perfume de uma carta,
estão na cumplicidade de um silêncio,
estão num retrato sem data
ou no ínfimo recanto de uma casa
onde a memória de um brinquedo
resgatou a infância ao esquecimento,
estão no júbilo de uma tarde de Verão
ou no vazio que só as lágrimas
julgam ser capazes de preencher.

Os amigos estão onde está o coração.
Estão dentro de um livro
ou à volta de uma mesa
na penumbra de uma sala inquieta,
estão na zona imaterial e secreta
daquilo a que por vezes receamos chamar alma,
estão na infinita ternura de um abraço,
no consolo inesperado de um telefonema nocturno.

Os amigos estão onde está o coração.
Alguns, com o tempo, tornam-se irmãos,
tamanhos foram as provas que a vida,
sem aviso e sem alarde, lhes quis impor.

Os amigos estão onde está o coração.
Têm um copo na mão, para celebrar,
um poema adiado na secura dos lábios,
têm uma flor e um pássaro
no cofre dos tesouros inenarráveis,
têm sempre o nosso nome presente
quando é preciso dar a vez,
ou apenas quando é preciso,
têm um livro de lembranças
onde não cabem o deve e o haver,
têm o mar ao fundo, atrás de uma janela,
e não deixam que a amizade
se resuma à solidão branca e uma ilha.

Os amigos estão onde está o coração.
São a claridade e são o tecto, são o tacto,
a porta que se abre quando a mágoa dói,
são o que está para além
da tenaz, do espartilho, da teia dos interesses,
são a voz que nada pede em troca
para dizer que está presente,
são o que sobra e sobrevive quanto tudo o mais
parece estar contaminada e ferido.
Falo, claro, dos amigos verdadeiros, pois não conheço outros.

Os amigos estão onde está o coração.
Estão na guerra como na paz, de pé,
desarmando a surdina da intriga
e o veneno letal da calúnia,
estão onde as palavras não chegam
e os dias minguam de tristeza
porque a razão que os move não prescreve,
porque o afecto que os anima não tem preço,
porque o fogo que os mantém não queima nem divide.
Porque é eterno como a felicidade de um instante.


José Jorge Letria

Ele anda por ai!

Felizmente, a maior parte das crianças de hoje já percebeu que o diabo é apenas mais uma opção de máscara de Carnaval ou de Dia das Bruxas. O tipo até é engraçado, atrevido, diferente, e no seu provocante vermelho e preto, com rabo em forma de seta, até parece uma espécie de supre-herói das partidas. É por isso que, se lhes dissermos que hoje ele anda à solta, elas vão perceber que este vento, que traz tudo pelo ar e nos deixa literalmente de cabelos em pé, só pode ser obra de um capeta tão divertido! E, se não podes vencê-lo, que tal juntares-te a ele? Ao capeta? Não, ao vento!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Meninos e Meninas, Homens e Mulheres, Pais e Mães

Hoje sou pai, tenho um filho e duas filhas, e faço o melhor que posso. Preocupei-me em não fazer distinções absurdas na educação dos dois sexos. Disso dei noticia a um amigo que me tranquilizou. Que nada, educar rapazes e raparigas era igual, apenas com uma pequena, subtil diferença. Dizia ele: «tudo igual excepto quando chegam aos 10 anos e o teu filho anuncia que tem uma namorada na escola. Interessas-te, interrogas se é bonita ou feia, loira ou morena, sorris e fazes festas na cabeça, sinal seguro de aprovação. A tua filha chega a casa e declara com idêntico brilho nos olhos, que também ela, na Primária, tem um namorado. Resposta imediata, ancestral, e, no fundo, higiénica: Qual namorado qual quê, vamos mas é tomar banho!»
Era o que eu temia.
Os pais são o terror dos pediatras. É cada vez mais frequente as crianças virem à consulta trazidas pelo pai. A mãe? Pergunto, e quase sempre a resposta indica uma obrigação profissional, uma reunião de trabalho, uma viagem ao estrangeiro. Porém, esta igualdade entre os sexos é mais aparente do que real. Experimentem perguntar ao pai moderno informações essenciais, como a data das vacinas, ou o inicio do andar, a necessidade de receitas ou análises, e verão surgir de pronto, tímido, o telemóvel, e a pergunta envolta numa bruma de embaraço óbvio: « O Doutor importa-se que ligue à minha mulher?».
As palavras são, mais uma vez, de Nuno Lobo Antunes. Não, não é impressão vossa, ando a ler o Sinto Muito! Este texto foi retirado da crónica Dia do Pai.
Tenho cá para mim que há aqui uma verdade assumida e outra escondida, ainda que com o rabo de fora... A primeira é que, por muito cúmplices que os pais sejam das suas meninas, a chegada de um aventureiro à vida delas os deixará sempre com o coração nas mãos. A segunda é que, verdade, verdadinha, muitos pais sempre tiveram alguma pena de se verem tão afastados da educação dos seus filhos, de os acompanhar de perto no seu crescimento. E talvez seja menos importante procurar culpados do que recuperar, tão rapidamente possível, o tempo perdido. Estes recentes pais presentes são cada vez mais e melhores e, ainda que gatinhando, anseiam crescer e ficar grandes. Assim estejam todas as mães dispostas a ajudar!

domingo, 26 de outubro de 2008

Desertos de Afectos

Numa entrevista à Pública no passado dia 12, pelas linhas e entrelinhas traçadas por Anabela Mota Ribeiro, António Lobo Antunes, finta, esquiva-se e chuta para canto, sempre que o jogo aproxima um golo à baliza dos afectos. A propósito da confissão de que apanhava pancada, Anabela Mota Ribeiro deixa no ar a frase: Normalmente não fala disso. Fala é de não lhe darem beijos ou um prato com bolachas e leite quando estava doente. Lobo Antunes prossegue o seu jogo, noutra direcção. Ela, estrategicamente distraída, deixa-o ir para mais à frente tornar a frase solta nisto: A pergunta é: porque fala menos da violência física que da violência emocional. De não ter sido mimado. O menino-homem dribla e brinca com a bola. Não responde. Ela deixa-o entretido, para que seja ele a distrair-se e, mais à frente, implacável: No Arquipélago da Memória escreve: "Se me abraçassem, recusava indignado, e no entanto abracem-me." E a outra, referindo-se à personagem Mãe: "Uma ocasião pegou-me na cara, tive medo que me desse um beijo". Desta vez já não fugiu. Falava-se não de si mas das suas personagens... Na resposta, depois de uma reflexão final em que diz: "Temos tanta dificuldade em aceitar aquilo que mais desejamos", é ele quem acaba por fazer uma pergunta: "As pessoas deste livro pedem muita ternura, é?". A entrevista podia ter acabado ali.

No recém-publicado Sinto Muito de Nuno Lobo Antunes, o texto introdução do autor começa assim: "Em criança, agarrado ao meu peluche, sentia-me órfão de pais vivos, filho único de seis irmãos. Não me sobrava inteligência, não seduzia pela beleza. Vulgar, portanto, igual às outras crianças, as que não eram lá de casa. Foi talvez por isso que a minha mãe disse, um dia, que de mim não queria mais de um «dez». Profecia que foi uma sentença que, obedientemente, cumpri toda a vida." Mais à frente esclarece: "A minha relação com a Medicina foi precoce. Adoeci criança, e a coisa mais notável que fiz até aos vinte anos foi quase ter morrido. A sério, todos os outros tinham graças para contar, tiradas geniais, ingenuidades soberbas de criança. Pela minha parte, nasci prematuro e, não satisfeito com isso, perdi peso. Além do mais, tive uma peritonite aos três anos de idade, em Agosto, o que era duplamente inconveniente. Ficou-me, no entanto, a imagem da criada a passar na ombreira da porta, tomando conta, e também o egoísmo com que guardei uns carrinhos de pista que alguém me ofereceu. Não deixei ninguém brincar, e paguei com isso o preço do remorso que ainda hoje me aflige."

Tendo coincidido em tempos de leitura quase simultâneos, estes dois registos, destes dois irmãos, não puderam deixar de me agitar as águas das emoções. Sendo homens e irmãos as suas palavras são ainda mais reveladoras. Reveladoras de um mundo masculino que se insiste em manter fechado, a cadeado, ou trancado a sete chaves. O que mais me impressionou, tratando-se de homens bem maduros, foi a visível inconformidade, até mesmo indignação e incómodo, que ainda guardam em relação a uma infância vazia de afectos. Mas, apesar de tudo, é mais estranho pensar que o mundo dos afectos ainda seja tido como um monopólio feminino. Se é assim, onde está o colo da mulher-mãe que lhes faltou? E que mulheres-amantes se cruzaram na vida destes meninos-homens para que este colo ainda permaneça por saciar?

sábado, 25 de outubro de 2008

Quanto vale um sonho?

Não me lembro, nem em miúda, de alguma vez ter sonhado ser cantora, assim como também nunca tive nenhuma apetência pela aprendizagem de um instrumento. Não foi por isso, por essas razões, que esta história me fez lembrar o valor dos sonhos na nossa vida.
A esta altura do campeonato, é já muito difícil que haja alguém que não tenha ouvido falar da Ana Free. E, acaso o nome nada diga, menos provável ainda é que os ouvidos não se tenham já cruzado com a música do primeiro clip aqui ao lado, a não ser que ande completamente a leste do paraíso!
Ana Free tem 21 anos, é portuguesa e vive no Reino Unido. A maior parte de nós conheceu-a num spot publicitário da Zon, onde uma legenda atesta que se trata de um testemunho verídico. E é mesmo! Ana Free compõe e interpreta as suas músicas e começou a projectá-las para o mundo, muitas vezes a partir do seu quarto, através do Youtube. O que conseguiu? Tornar-se cantora sem contrato assinado com nenhuma editora e ser tão conhecida ou mais do que muitos dos que andaram atrás de um. Estratégia de mercado? Premeditação? Acho que ao vê-la num destes clips nenhum de nós pode deixar de concluir que não. Ao surpreende-la a cantar em cima da cama, no seu quarto, não pude deixar de recuar uns anitos e de reencontrar naquelas imagens uma boa parte de mim. Não vos acontece o mesmo? Ana Free limitou-se a compor e a cantar com a frescura da sua idade e a partilhar as suas emoções com outros. Tinha, certamente, desde pequena o sonho de se tornar cantora. Ao sonhar acordada em cima da sua cama, pôs em marcha o seu plano porque para isso bastava o espelho que provavelmente teria em frente, o urso de peluche a servir de plateia e o coração desejoso de dar forma, som e melodia a palavras que eram demasiado grandes para ficar apenas dentro de si. Eu dancei e cantei assim, como a mesma felicidade, horas a fio, e acho que até hoje ainda não desisti de acreditar que os sonhos não têm preço e que maior parte deles até se realiza de graça. Não acham que esta Ana só podia ser Free?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Uma pergunta mágica...



Que artes de magia fazem com que princesas desencantadas com o ensino brinquem às escolas e sonhem ser professoras?
Será que sabem ser possuidoras de mágicos pós de perlimpimpim?
Aceitam-se palpites!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ontem no Cavalia

Não encontro palavras, por mais tecidas que sejam, que consigam fazer justiça ao que os olhos viram e a alma sentiu.
São duas horas que correm, voam, dançam, encantam, num hino dedicado à liberdade do movimento. Duas horas em que mergulhamos na magia pura e sublime de corpos de homens e cavalos, perfeitos, esculpidos, que se fundem como se de uma só entidade se tratasse. Essa mesma magia, magistralmente criada pelos cenários e respectivos efeitos de luz e imagem que nos deslumbram, acompanhada por uma orquestra ao vivo e de um guarda roupa de fazer sonhar, conduz-nos por florestas encantadas de uma Irlanda perdida no nosso imaginário, povoada de príncipes e princesas celtas, de noivas góticas, de personagens cuja alma se resguardou no tempo para ali ontem reencarnar e nos encantar.
Viajamos pelas quatro estações de um lugar intemporal e comungamos, de forma comovente, da harmonia, respeito e nobreza com que homens e cavalos se relacionam, numa cumplicidade que torna impossível identificar domador e domado. Os cabelos dos homens são crinas correndo ao vento. As crinas dos cavalos esvoaçantes e lustrosos cabelos de nobres personagens de histórias de encantar. A imagem que promove o espectáculo não podia, por isso, ser mais fiel e mais poderosa. Opostos que se completam. Diferentes reflexos de uma mesma essência. A Liberdade do Movimento! Tive tanta vontade de me tornar um deles!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

E os segredos?...

Há anos que tenho uma enorme vontade de aprender linguagem gestual.

Sempre me fascinou, desde pequena, assistir às conversas entre surdos/mudos. Ficava, e fico, atenta à sua linguagem corporal, às vicissitudes da sua expressão facial. E se é verdade que quem não sabe falar a língua das mãos fica fora do discurso, é também verdade que fora da comunicação só fica quer não estiver interessado em perceber que as palavras são a ultima coisa que nos aproxima uns dos outros.

Num mundo onde os benefícios e malefícios da globalização se sentem a cada dia que passa, parece-me estranho, senão mesmo caricato, que se continue a ignorar que existe uma linguagem que não tem fronteiras, nem raça, nem idade e que tendo surgido da necessidade de comunicação de quem nasceu privado de parte dela é bem mais rica, porque absolutamente universal!
Definitivamente, aprendendo-se nas escolas de todo o mundo esta linguagem, que teimosa ou ignorantemente mantemos confiada e confinada à categoria da deficiência, não só ficaríamos mais ricos como inegavelmente mais próximos.

No passado Sábado uma tromba de água, que se abateu sobre Lisboa durante não mais de vinte minutos, paralisou a cidade por mais de uma hora. Presa no trânsito, entre constantes consultas ao relógio e alguma indignação por mais uma vez constatar que nunca nos poderemos dar ao luxo de uma verdadeira catástrofe, dei por uma conversa gestual num dos carros ao meu lado. Conversavam, animadamente, talvez apenas trivialidades do dia-a-dia. Talvez mãe e filha. Só nessa altura me ocorreu... E os segredos?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

19 de Outubro - Thievery Corporation alive!


A noite estava cálida como poucas estiveram este ano, quase sem Verão.
O Coliseu foi enchendo, timidamente, ao sabor de quem não tem pressa de chegar. Passavam apenas cinco minutos da hora quando o palco se encheu de luz e cor. O Coliseu já estava cheio! A música rebentou, impiedosa. O publico, como sempre, demasiado contido. No ar uma música fluída- que oscilava entre sons electrónicos, vibrações da Índia e Reggae- tinha como pano de fundo os LEDs do ecrã que projectava caleidoscópios de cor, num alucinante efeito que trazia o melhor do LSD para o concerto. Música de intervenção à mistura com referências a uma Índia quase alucinógena e que apetece dançar, repescando o melhor daquilo em que se acreditou nos anos setenta mas que ficou por realizar. Terá chegado a hora? Talvez não. Mas vale o projecto, pelas bocas que entretanto alimentar, e vale a música pelos sentidos a que apelar. Se dancei? Desenfreadamente! And i could have danced all night!