Ouvir o Dia...

domingo, 30 de novembro de 2008

Contrastes





Pelo caminho, mais um dia que antecipa a chegada do Inverno. Frio e com chuva.

Pelo espelho retrovisor, o vidro de trás devolve-me um céu de tempestade, de neve, cinzento- chumbo. Escuro. Muito escuro. Quase tão escuro como a noite. Já no vidro da frente, o céu que vejo está bem mais claro, menos zangado, mais sorridente. É assim também a vida. Os seus dias, as suas horas. Se olharmos bem, há sempre duas janelas por onde podemos espreitar. Basta decidir aquela por onde queremos olhar. E escolher as cores do dia!

sábado, 29 de novembro de 2008

Adoro!


Quantos de nós corremos para o quarto e cama dos pais sempre que uma trovoada interrompia os nossos bons sonhos?
Ter medo de trovoada, era não só um requisito da idade como um excelente pretexto para invadir aquele espaço que habitualmente nos estava vedado ou, pelo menos, obter mais uns beijinhos e um aconchego de roupa suplementares. Tão bom!
Mas, e quando a trovoada faz parte das nossas coisas favoritas? Por mim, se é verdade que na infância cumpri com rigor o calendário, para pedir mais uns beijinhos ou reivindicar o meio da cama juntamente com o meu urso, a verdade é que sempre a adorei, sobretudo de noite, quando os relâmpagos invadem o quarto, iluminam as paredes e eu fico a contar os segundos até ao trovão.
Esta foi uma noite daquelas!
Bem Vindo, Inverno!
E, já agora, Senhora Trovoada, não quer aparecer outra vez esta noite?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Acreditas?

Todo o pensamento é mágico.
Para que a fantasia, o sonho ou o desejo passe a realidade não são necessárias poções mágicas ou varinhas de condão. Basta conjugar o verbo ACREDITAR.
Na sua viagem ao mundo de OZ, Dorothy, a quem aconselharam a seguir sempre pela estrada amarela, sabia que transportava com ela a solução de eventuais problemas. Quando se sentisse em apuros, bastaria bater os calcanhares dos seus sapatos vermelhos e, num abrir e fechar de olhos, estaria de volta a casa.
Por isso, quando um algum feiticeiro se entretém a transformar os nossos sonhos em pesadelos, basta acreditar que a solução dos nossos problemas está na nossa cabeça, mas também, seguramente, nos nosso pés.

Eva Cassidy - Somewhere Over the Rainbow

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Momentos de dúvida

Onde irá dar este caminho?


São tão difíceis os momentos em que na vida caminhamos sem saber para onde. Instala-se a dúvida, gera-se o receio, questiona-se o fim.


Mas será que mesmo perante um caminho desconhecido não é possível aproveitar o passeio?


Tantas vezes o desconhecimento proporciona a aventura da descoberta!


Onde irá dar este caminho?

Ainda não sei. Mas enquanto espero, em vez de deixar instalar o desespero, vou tentando aproveitar a viagem.

Já agora, partilhando-a convosco!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Será?


Será que só somos bons, felizes e bonitos se nunca errarmos?
Será que o nosso Anjo da Guarda e a nossa Fada Madrinha só nos protegem se nunca nos distrairmos?
Será que temos sempre que nos portar bem para que gostem de nós?
E, já agora... Quanto pesa uma alma carregada de culpa?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Inadiável

O número de crianças institucionalizadas em Portugal é assustador. E crescente. Mas mais assustador é pensar que a esmagadora maioria delas não terá nunca um colo, só seu, à sua medida, para nele se resguardar. E não é disso que todos nós mais precisamos, ao longo das nossas vidas? Quantas vezes gritamos, por dentro, ao longo do nosso dia: ADOPTA-ME?
"Cuidar dos novos não pode ser mais uma questão esquecida. É, hoje em dia, uma prioridade nacional, independentemente de qualquer orientação politica. Caso contrário, estaremos a desperdiçar o potencial de gerações inteiras. O grau de desenvolvimento de um país também se mede pela forma como se protege e estimula as suas crianças e adolescentes!
Para que a mudança seja possível, faz falta o que sempre faltou: conjugação de vontade politica, disponibilidade económica e conhecimento cientifico. Sem isso, a nossa cultura de infância é um puro esquecimento. Ou pior, uma tremenda ignorância. E isso é tudo o que não podemos desejar." (in Olha Por Mim, de Pedro Strecht; crónica: Prioridade Nacional)
Há tanto tempo que já o sabemos... De que é que andamos à espera?


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Vida não era um Paraiso...







« excerto do Filme Cinema Paradiso de Giuseppe Tornatore »



... E aprender era um verdadeiro inferno.


Numa escola assim, como era possível que aquele Cristo, abandonado na cruz e na parede, fosse redentor?


Se aprender matemática pode ainda não ser muito divertido pelo menos errar já não é tão humilhante.

Música de Ennio Morricone: Love Theme from Cinema Paradiso

domingo, 23 de novembro de 2008

Noite de 22: O céu caiu no Parque





No principio era o frio. O atraso. A expectativa.


Depois o céu estilhaçou. Mil estrelas. Bolas de cor.


E nas caras, o medo transformado em espanto. Será que o céu cai?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

À mesma hora, no mesmo local

Todos os dias o cenário se repete!

Carros que se atropelam, buzinas que se sobrepõem. Velocidade desadequada ao local, à hora, ao cenário matinal. Uma passagem para peões quase sempre vergonhosa e incompreensivelmente desrespeitada. Mais vergonhoso ainda é que o seja, a maioria das vezes, pelos mesmos com quem nos cruzamos, minutos depois, dentro dos portões de uma escola.

O dia ainda a começar e a intransigência já a poluir o ar.

Dos carros, apressadas pelo atraso e pela campainha que ameaça tocar, saltam crianças a quem os beijos ficam por dar.

Todos os dias o cenário se repete!

No regresso, depois de entregar a minha encomenda em segurança, quase sou atropelada por dois irmãos que sobem, correndo, desenfreadamente. Ao fundo da escada, junto ao carro, enquanto lhe enviam o último adeus daquela manhã, um pai eleva a voz:

Vá, vão! Não se atrasem!

E antes de desaparecerem, mais alto, reforça:

Um bom dia de aulas!

É tão bom quando não está tudo perdido!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pensamentos fora de horas

Tinham chocolate, e o sono, que já há algum tempo pedia cama, aceitou ser substituído por elas, num fugaz e derradeiro encontro com o sofá.
Seguiram-se, umas atrás das outras.
Pelo meio observei a paisagem (sim, a paisagem, não me enganei), estampada na cobertura de chocolate. Umas vaquinhas pastando num prado. Na caixa, a marca assegurava que se tratava do genuíno, logo, as vacas pastavam nos Alpes. Aquela hora pouco importava. Qualquer chocolate serviria, independentemente da origem.
Subitamente, a descoberta. Na tampa da caixa li: GALLETAS. Acto continuo, no cérebro: Não tarda nada estás a levar uma galheta!
Pergunta: Há alguém neste blogue que me saiba dizer se esta «galheta» não é a mesma bolachada com que também éramos ameaçados?
Coisas de vizinhança?...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Como um peixe fora de água

Há dias em que a zanga é incontornável. Pode ser apenas uma inevitabilidade do estado de espírito. Pode ser uma legitima resposta de defesa, a uma sentida invasão exterior. E há ainda aqueles dias em que nos zangamos, só porque sim. O que me parece inegável é que, independentemente do motivo pelo qual se exteriorize, a zanga é sempre antecedida por um mal estar, ainda que indecifrável. Por um desconforto, frequentemente inlocalizável. Por uma tristeza transformada em indignação e depois conduzida pela mão da revolta, quando projectada para fora de nós.
Mas, se há momentos em que a zanga não só é incontornável como até desejável, será que existe alguma circunstância em que, perante ela, e sobretudo depois dela, não nos sintamos como um peixe fora de água?


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Beautiful



O que é que nos faz sentir feios?

O que nos devolve o espelho, ou tantas vezes o que nos devolvem os outros, sobre a nossa imagem, para que nos sintamos mal vestidos na nossa pele?


O afecto, a compreensão, o respeito e a cumplicidade fazem bem à alma. Preenchem vazios, colmatam falhas.

Uma palavra, um sorriso ou um abraço não são placebos para o coração.

Ser feliz torna-nos realmente mais bonitos.




sábado, 15 de novembro de 2008

Mancan le parole

Por vezes faltam as palavras mas, num momento assim, será que não se dispensam?

Amiga, obrigada por este momento que me proporcionaste, hoje!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Desafio-TE





Se a Vida é um jogo, quem são os teus adversários?


D. Quixote lutava contra moinhos de vento. Há quem lute contra os injustos, os levianos, os medíocres, os hipócritas, os moralistas. Mas quantas vezes lutamos contra nós próprios? E se por vezes esse desfio é um estimulo ao crescimento, à descoberta da nossa identidade e do nosso lugar na vida, outras pode ser paralisante e fonte de estagnação.

Quando nos decidimos a jogar connosco, convém pensar no que vai a jogo e se temos estratégia que dure até ao fim da jogada.

No fim, que vença o melhor!

Recebe o Futuro como um Presente!

A Vida Acontece Hoje!


O Amanhã pode sempre ficar para depois.

O Futuro? Deixa-o por sua conta.

Ele sabe bem cuidar de si.














Novembro

há pétalas a celebrarem sozinhas

a linguagem do amor

o cheiro da terra molhada

quando sobre o jardim cai novembro

a humidade que nos abraça

o lusco-fusco precoce da mudança da hora

o crepúsculo já frio da tarde

pede o calor da lareira um interior

que aconchegue e sorva

o sabor do chá então servido


todo o tempo do mundo pode parar

assim que alguém lho peça

mas o maior motivo sabemo-lo

não tem hora marcada nasce cresce mata

sempre que menos se espera

já tive dias horas meses assim

suspenso na vida pelo coração

a maior das ilusões todos os desenganos

mas não importa que interessa

não os trocava por nada

e o que as pétalas desse jardim ensinam

não vem nos livros tem séculos

é um cheiro a suavidade de um toque

tudo o que não falaremos

os movimentos da memória das vidas

a cor de que são pintadas

e a diferença de tom em todas as flores

a beleza eterna de cada

como dádiva é isso

sim é isso

o que fica por dizer




Pedro Strecht

in 1979 Outros Poemas

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sim...


8Nov.08
Foi bom ver-te crescer!

domingo, 9 de novembro de 2008

Parecem bandos...


Alternam turnos, entre o dia e a noite, para que no Largo o Camões nunca se sinta só e para que as ruas do Bairro Alto nunca fiquem despidas. Uns e outros, uma mancha cinzenta, uniforme, desconforme, que se desloca em massa. Não importa de onde vêm ou para onde vão. E assim como chegam, partem, sem aviso ou plano prévio. Atrás de si fica o sujo, o desperdício e o património mais degradado. Mas diz-se que, sem uns e outros, a cidade não seria a mesma. E se calhar até têm razão!
Mas se uns se conseguem amestrar porque é que os outros não se conseguem educar?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Direitos e Deveres



Se é verdade que nem toda a gente gosta de ter animais de estimação é também verdade que há quem só não os tenha por reconhecer a enorme responsabilidade que isso acarreta. Um espaço adequado e condigno em casa, alternativas de cuidados para os tempos de férias ou ausências prolongadas, alimentação e cuidados de saúde.


Poder partilhar a vida com um animal é um privilégio, mas um privilégio que acarreta deveres de que não temos o direito de nos descartar.


Um amigo de bigodes, que durante 11 anos compartiu o espaço e os afectos lá por casa, partiu num dia quente deste Agosto. Nunca deu trabalho ou despesas extra. No dia em que nos assustou, com suplicantes miados de ajuda, não coloquei outra hipótese que não fosse leva-lo, rapidamente, para os braços que melhor o pudessem ajudar. Foi a primeira e talvez a única experiência, mas reconfortou-me perceber que no hospital veterinário aquele paciente era "tratado como gente", ou seja, com a dignidade que a sua condição e a sua fragilidade exigiam. Como seria bom ter constatado, em tantas visitas a hospitais de gente, o mesmo comportamento. Não pus em causa, por um segundo que fosse, a despesa a realizar com aquele internamento. Era um dos nossos! Para os nossos, sempre o melhor!


Veio o dia seguinte e a noticia que menos nos apetecia ouvir.


Sim, sabíamos que um dia seria assim. Mas já?


Sabem que as pessoas que trabalham nestes sítios sentem a tristeza um desfecho assim? E que nos agarram na mão manifestando cumplicidade?


Formalizou-se o processo, fechou-se a conta. Muito? Não. Ele merecia tudo o que teve. Mas porque, felizmente, há muitos anos nos obrigaram a pensar que os animais têm direitos e que nos obrigam, por isso, a um sem numero de deveres, seria talvez justo que o cumprimento desses deveres fosse reconhecido. E se sou obrigada a cuidar e assistir porque é que a respectiva despesa não pode ser reconhecida como indispensável e tributada como tal? Confesso que nunca tinha pensado nisso. Mas há quem o tenha feito e por isso está a correr uma petição nesse sentido.


Custar, não custa nada. Se acharem lógico e justo é só aceder e assinar.



























Trabalhar no Campo

Conduzir por uma estrada que se veste com as cores da estação. Ver Monserrate resguardado do nevoeiro, aconchegado por entre vegetação equatorial. Fazer corridas com o ocioso eléctrico, que não tem pressa de chegar. Encontrar as mesmas gentes, nas mesmas curvas, todos os dias. Conhecer os rituais do senhor da loja de faianças, e passar sempre os olhos pelos seus escaparates de pratos e tigelas que apetece comprar, mesmo que não se saiba para quê. Aprender a domar os ponteiros do relógio, que se atrasam atrás de um tractor, numa estrada serpenteada onde o verbo ultrapassar se conjuga quase sempre com risco. Cumprimentar os patos na ribeira e ser gentilmente cumprimentado por quem não se conhece, rostos que apenas cruzam connosco os seus bons hábitos, aqueles que restaram de uma aldeia não muito longe no tempo e ainda fresca na memória.
Ir ao correio a pé e ter mesmo ao lado a farmácia. O ar perfumado pela lenha que cedo começa a aquecer a casa. Bandos de crianças percorrendo os caminhos de regresso, depois de um dia de escola e conversas que não se esgotam com o pôr do sol. O Oceano ao fundo da rua. O cheiro dos pinheiros e a caruma em cima do carro.
Ter prazer em chegar e ter nostalgia de partir. Encontrar no dia seguinte a paisagem redecorada e sorrir.
Vou ter tantas saudades!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Fiz de conta


... E quando ontem adormeci no sofá e uma pequena mão, que tão depressa se fez grande, me veio fazer festas na cabeça eu fiz de conta. Fiz de conta que dormia. Fiz de conta que era gato. Fiz de conta que agora era eu o seu bebé.
É tão bom brincar ao faz-de-conta!
Há pouco, ao telefone, a voz da dona da mão já me deixou prometidas mais festas, logo à noite, para ficares melhor!
Sim, agora faz de conta que és tu a mamã!

domingo, 2 de novembro de 2008

Oferece-se


Alguém quer uma constipação, ou preferem um chá bem quentinho?...

À falta de melhor, fico com os dois! O meu é de menta!