Ao contrário da gaveta das t-shirts das crianças, os adultos parecem ter sempre as ideias bem vincadas e (imagine-se) a cabeça sem nódoas e arrumada. Não misturam as pratas das bolachas de chocolate com as meias ou os cadernos, nem deixam (como as crianças) de lavar a roupa suja - ... sobretudo quando se zangam - em vez de a deixarem espalhada pelo chão.
Mas, infelizmente, tanta arrumação não autoriza os adultos a deitarem-se na relva, de nariz para o ar, descobrindo, nas nuvens, elefantes, velhas feiticeiras, ou sinais de fumo que (quem sabe?) talvez cheguem duma tribo acampada algures, nalgum lugar do céu.
Se a cabeça não lhes pesasse sobre os ombros, os adultos andariam mais vezes com ela nas nuvens, e perceberiam melhor que nem sempre a cabeça arrumada e, aparentemente, sem nódoas, é «o céu» que lhes permite ser mais bonitos e mais felizes.
in «Faz tão bem andar de cabeça no ar» do livro «Tudo o que o amor não é» - Eduardo Sá
1 comentário:
Bem, mais uma que AMEI!!! É bem verdade, precisamos de andar com a cabeça um pouco nas nuvens e nos deixarmos andar, em vez de sermos sempre tão sérios, tão certos, tão arrumadinhos!!!
Faz bem sonhar e apreciar tudo o que está lá fora... ou mesmo dentro!
Beijoca
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