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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Trabalhar no Campo

Conduzir por uma estrada que se veste com as cores da estação. Ver Monserrate resguardado do nevoeiro, aconchegado por entre vegetação equatorial. Fazer corridas com o ocioso eléctrico, que não tem pressa de chegar. Encontrar as mesmas gentes, nas mesmas curvas, todos os dias. Conhecer os rituais do senhor da loja de faianças, e passar sempre os olhos pelos seus escaparates de pratos e tigelas que apetece comprar, mesmo que não se saiba para quê. Aprender a domar os ponteiros do relógio, que se atrasam atrás de um tractor, numa estrada serpenteada onde o verbo ultrapassar se conjuga quase sempre com risco. Cumprimentar os patos na ribeira e ser gentilmente cumprimentado por quem não se conhece, rostos que apenas cruzam connosco os seus bons hábitos, aqueles que restaram de uma aldeia não muito longe no tempo e ainda fresca na memória.
Ir ao correio a pé e ter mesmo ao lado a farmácia. O ar perfumado pela lenha que cedo começa a aquecer a casa. Bandos de crianças percorrendo os caminhos de regresso, depois de um dia de escola e conversas que não se esgotam com o pôr do sol. O Oceano ao fundo da rua. O cheiro dos pinheiros e a caruma em cima do carro.
Ter prazer em chegar e ter nostalgia de partir. Encontrar no dia seguinte a paisagem redecorada e sorrir.
Vou ter tantas saudades!

2 comentários:

Miudaaa disse...

Saudade do que se vive... permite voltar a viver todas as vezes que o quisermos recordar. Verdade?

Mais um Lugar de Mim disse...

Verdade! Excelente perspectiva! Visão de miudaaa! ;-)