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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Novembro

há pétalas a celebrarem sozinhas

a linguagem do amor

o cheiro da terra molhada

quando sobre o jardim cai novembro

a humidade que nos abraça

o lusco-fusco precoce da mudança da hora

o crepúsculo já frio da tarde

pede o calor da lareira um interior

que aconchegue e sorva

o sabor do chá então servido


todo o tempo do mundo pode parar

assim que alguém lho peça

mas o maior motivo sabemo-lo

não tem hora marcada nasce cresce mata

sempre que menos se espera

já tive dias horas meses assim

suspenso na vida pelo coração

a maior das ilusões todos os desenganos

mas não importa que interessa

não os trocava por nada

e o que as pétalas desse jardim ensinam

não vem nos livros tem séculos

é um cheiro a suavidade de um toque

tudo o que não falaremos

os movimentos da memória das vidas

a cor de que são pintadas

e a diferença de tom em todas as flores

a beleza eterna de cada

como dádiva é isso

sim é isso

o que fica por dizer




Pedro Strecht

in 1979 Outros Poemas

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