Há anos que tenho uma enorme vontade de aprender linguagem gestual.
Sempre me fascinou, desde pequena, assistir às conversas entre surdos/mudos. Ficava, e fico, atenta à sua linguagem corporal, às vicissitudes da sua expressão facial. E se é verdade que quem não sabe falar a língua das mãos fica fora do discurso, é também verdade que fora da comunicação só fica quer não estiver interessado em perceber que as palavras são a ultima coisa que nos aproxima uns dos outros.
Num mundo onde os benefícios e malefícios da globalização se sentem a cada dia que passa, parece-me estranho, senão mesmo caricato, que se continue a ignorar que existe uma linguagem que não tem fronteiras, nem raça, nem idade e que tendo surgido da necessidade de comunicação de quem nasceu privado de parte dela é bem mais rica, porque absolutamente universal!
Definitivamente, aprendendo-se nas escolas de todo o mundo esta linguagem, que teimosa ou ignorantemente mantemos confiada e confinada à categoria da deficiência, não só ficaríamos mais ricos como inegavelmente mais próximos.
No passado Sábado uma tromba de água, que se abateu sobre Lisboa durante não mais de vinte minutos, paralisou a cidade por mais de uma hora. Presa no trânsito, entre constantes consultas ao relógio e alguma indignação por mais uma vez constatar que nunca nos poderemos dar ao luxo de uma verdadeira catástrofe, dei por uma conversa gestual num dos carros ao meu lado. Conversavam, animadamente, talvez apenas trivialidades do dia-a-dia. Talvez mãe e filha. Só nessa altura me ocorreu... E os segredos?
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